quinta-feira, 11 de outubro de 2012





O lindo painel repleto de figuras  em vermelho  que configura a “Pedra Escrita”, a realidade superou   minha imaginação. Não podia  imaginar que no Brasil  existissem pinturas mais bonitas  que as de Lascaux e  Altamira.                                                            
                                                                                  Gaspar (2003:9)

O que hoje é conhecido como Brasil  está repleto de testemunhos arqueológicos, que formam peças de um grande quebra-cabeça para  evidências da colonização humana no nosso continente. Entre esse testemunhos temos um tipo em especial,”em decorrência do seu apelo estético, destaca-se entre os demais”, como afirmaria MaDu Gaspar (2003:8), estão são as pinturas e gravuras rupestres, plasmadas nas paredes de grutas, abrigos, paredões, canyons, lapas, lagedos.
A referência bibliográfica mais antiga  de  uma gravura rupestre no Brasil, segundo Gabriela Martin (1996:235), data do ano de 1598,quando Feliciano  Coelho Carvalho, Capitão-mor da Paraíba, junto ao rio Arasoagipe, encontrou gravuras que ele considerou “uma  cruz , caveiras de defunto e desenho de rosas e molduras” referidas nos Diálogos das Grandezas do Brasil, de Ambrósio Fernandes Brandão, 1618.
É na região Nordeste que esse tipo de vestígio se encontra em abundância, sendo fundamentais “para compreensão dos processos sócio-históricos pelos que passaram os grupos pré-coloniais” como diz Etchevarne em “Memória do Seminário Arte Rupestre no Nordeste do Brasil.” Os estudos sistemáticos de arte rupestre começam na década de  sessenta.Na Bahia,  Valentin Calderón iniciou a primeira tentativa de um inventário de sitios situadas na região da Chapada Diamantina, onde cadastrava e classificava  de acordo com os motivos representados. Já no começo dos anos 70 que Niéde Guidon junto com Anne-Marie Pessis  começam um estudo permanente acerca desse grafismo em São Raimundo Nonato no Piauí e, na década de 80, Gabriela Martin inicia esse estudo no Rio Grande do Norte, na região do Seridó.
Foi nessa época, década de 80, que foi criado Parque   Nacional da Serra da Capivara, o que desenvolveu muito a pesquisa, e, assim, houve um grande desenvolvimento dos conhecimentos acerca das pinturas rupestres, e ainda, intensificou a a preservação ambiental e também dos sítios arqueólogicos, tornando uma referência tanto nacionalmente, quanto internacionalmente.  Esse projeto teve como consequência a formação de projetos educacionais, desenvolvimento sustentável, entre outras consequência que influênciaram muito na vida da população daquela região, principalmente na sócio-econômica. 
 Niède Guidon fala na Memoria do Seminário Arte Rupestre no Nordeste do Brasil (2006:66,67) das dificuldades que passaram para conseguir fazer daquela área um parque. Foi em 1979 que o Ministério de Meio Ambiente criou o parque, a idéia era de criar também o Parque das Serras da Confusões que era rota migratória dos animais na época de estiagem, mas não foi atentido ese projeto na época. Imaginava-se que o Ibama iria tomar conta do local, porém passaram-se cerca de 10 anos e não foi nomeado nenhum funcionário e o Parque começou a ser devastado da mesma forma de antes, com isso foi necessário construir a Fundação Museu do Homem Americano, que além de construir um museu para a cidade e planejar o manejo do Parque. Esse manejo foi feito tendo como base outros parques em várias regiões do mundo. Embora  não é bem assim que funciona, enquanto um parque no porte do da Serra da Capivara em outros lugares do mundo conta com centenas de funcionário, aqui não conta-se com mais que 5,equipamentos são insuficientes.Mas a parte de concientização teve êxito, incluse implataram recentemente o curso de Arqueologia na região, garante-se assim, a continuidade nas pesquisas e, almeja-se, que também na preservação.

Charleandro Machado


Referências:


- ETCHEVARNE, Carlos. Escrito na Pedra: cor, forma e movimento nos grafismos rupestres da Bahia. Rio de Janeiro, Odebrecht, 2007.
_____________________ (org.). Memória do Seminário Arte Rupestre no Nordeste do Brasil: pesquisa, preservação e gestão de sítios arqueológicos de pinturas e gravuras rupestres. Salvador, Fast Design, 2006.
- GASPAR, MaDu. A arte Rupestre no Brasil. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Ed. 2003.
- GUIDON, Niède. In: As ocupações pré-históricas do Brasil. In: CUNHA, Manuela Carneiro da. História dos Índios no Brasil.  São Paulo, Editora Cia da Letras, 1998.
- MARTIN, Gabriela. Pré História do Nordeste do Brasil. Recife, UFPE, 1996.
 

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