segunda-feira, 1 de julho de 2013

Boa notícia: Anvisa apura irregularidade na aprovação de agrotóxicos.

Socializando esta BOA notícia, publicada por Valor Econômico (Segue link abaixo do resumo da matéria).

Tábata.

25/06/2013 às 00h00
Anvisa apura irregularidade na aprovação de agrotóxicos
Por De Brasília
Além dos seis agrotóxicos autorizados irregularmente pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no ano passado, sindicância da estatal nos demais processos de aprovação concluiu que outros 23 produtos começaram a ser vendidos no país sem passar por todas as etapas da análise regulamentar - que identificam, por exemplo, se o defensivo representa risco à saúde dos consumidores.
De acordo com informações da Anvisa, a auditoria criada a pedido de seu diretor-presidente para auditar os processos da agência relativos aos Informes de Avaliação Toxicológica avaliou 205 processos, sendo que em 23 foram identificados problemas envolvendo incorreções processuais, além dos seis detectados no fim do ano passado.
À época, o então gerente-geral de Toxicologia da agência, Luiz Cláudio Meirelles, denunciou que seis agrotóxicos receberam autorização para serem comercializados no mercado brasileiro mesmo sem receberem todos os pareceres exigidos pela área.
A Anvisa informou, ainda, que o relatório foi encaminhado para a Controladoria-Geral da União (CGU), para o Tribunal de Contas da União (TCU), para Ministério Público Federal (MPOF) e para Polícia Federal. Os nomes dos produtos ou dos fabricantes não serão divulgados até deliberação da diretoria da Anvisa.
Quando Meirelles fez sua denúncia, no fim do ano passado, os três órgãos responsáveis pela regulamentação desses produtos no país - Anvisa, Ibama e Ministério da Agricultura - divulgaram nota conjunta defendendo seu sistema de avaliação. 

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sábado, 29 de junho de 2013

Revolução ambiental. Zá Maria do Tomé

UNEB - UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA
DCHT CAMPUS XVI – IRECÊ
PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO E MEIO AMBIENTE
COMPONENTE: DEVASTAÇÃO FLORESTAL
DOCENTE: EDVALDO

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DISCENTES: ANDRÉ PIRES MACIEL; CÁSSIO CUNHA DOURADO, TÁBATA FIGUEIREDO DOURADO, MARCOS LEAL, KELI CARINE NUNES, EDIMAR, CHARLEANDRO MACHADO E CLARISSA BASTOS.







A HISTÓRIA DE
ZÉ MARIA DO TOMÉ





Irecê – Ba
Janeiro/2013


DISCENTES: ANDRÉ PIRES MACIEL; CÁSSIO CUNHA DOURADO, TÁBATA FIGUEIREDO DOURADO, MARCOS LEAL, KELI CARINE NUNES, EDIMAR, CHARLEANDRO MACHADO E CLARISSA BASTOS.





A HISTÓRIA DE
ZÉ MARIA DO TOMÉ






Este trabalho visa demonstrar a história de Zé Maria do Tomé, líder comunitário, ambientalista e microempreendedor da Chapada do Apodi , (CE).
  

Irecê – Ba
Janeiro/2013

Presidente da Associação dos Desapropriados Trabalhadores Rurais Sem Terra da Chapada do Apodi, José Maria morreu aos 44 anos, deixando esposa e três filhos. Combativo, junto com a organização comunitária do Tomé, denunciou a contaminação indiscriminada por agrotóxicos da água consumida pela comunidade, o problema de moradia enfrentado por uma parte das/os trabalhadas/res rurais da região, e a apropriação indevida de terras pertencentes à União por empresas de agroexportadoras de frutas.
Pouco antes do assassinato, a comunidade do Tomé travava uma forte batalha contra a pulverização aérea. Em 2009, haviam conseguido aprovar uma lei municipal proibindo esse tipo de pulverização, entretanto, a pressão de políticos e interesses econômicos levou o prefeito de Limoeiro – também fruticultor - a apresentar outro projeto de lei para revogar a conquista popular encampada por Zé Maria. Acredita-se que esses fatos estiveram intimamente ligados a motivação do crime.
Em Tomé, a organização comunitária continua na resistência tentando prosseguir com o legado deixado por Zé Maria. Iniciativas contra a contaminação da água e a luta por moradia digna tem sido encaminhadas pelo movimento local. Pesquisas feitas na região,atestam que existe entre os moradores a compreensão sobre a contaminação da água, bem como a conquista de uma determinação do Ministério Público para que a comunidade seja abastecida por carros pipa.
Toda a mobilização impulsionada a partir do assassinato de Zé Maria tem alcançado conquistas importantes ao conectar as/os trabalhadores rurais do Apodi com articulações nacionais, e aos processos de luta que denunciam o agronegócio como modelo excludente de desenvolvimento implantando no Brasil. Por toda essa repercussão, o clamor por justiça segue pulsando no movimento comunitário do Tomé, nos militantes pela reforma agrária e em ambientalistas que somam suas vozes a da família do agricultor assassinado.
A luta de Zé Maria atingia diretamente os interesses do agronegócio na região. “Sabemos que há muitos interesses para que não se identifique os executores e mandantes, mas os movimentos sociais e organizações de Direitos Humanos mantém a pressão para que esse crime não permaneça impune.”
Segundo relatos dos movimentos sociais, quando a investigação estava em Limoeiro do Norte, a Delegacia Regional não tinha a estrutura necessária dar suporte a investigação e estava suscetível a influencias dos grupos políticos e empresariais locais. Com a pressão dos movimentos foi possível provocar o deslocamento do inquérito para a Divisão de Homicídios, em Fortaleza. Agora, esperam que a investigação seja concluída em breve. O próximo passo será acompanhar o processo criminal e a expectativa é de que os réus sejam julgados pelo Tribunal do Júri.
Portanto, realizando uma comparação com a região de Irecê, se observa  um destaque  para a contaminação das águas subterrâneas por  uso  indiscriminado de agrotóxicos, embora em outros  proporções ( em face das diferentes estruturas agrárias). A luta ambiental na região vem sido desenvolvida principalmente.
A partir da história da luta de Zé Maria do Tomé, destaca-se alguns pontos que orientam uma possível comparação com a realidade local – território de Irecê -, a saber:
1 – Pulverização aérea
 Pratica utilizada em áreas extensas de monocultivo agrícola devido a viabilidade econômica, já que implica em baixo emprego de mão de obra e otimização do tempo.Dada a inexistência  nesta região de áreas com tamanhos que justifiquem tal pratica, não se pode estabelecer uma comparativo direto neste quesito.
2 – Contaminação do solo e água
As substancias contidas na maioria dos agrotóxicos agem causando o empobrecimento do solo no que se refere a minerais, mircro fauna do solo. Estudos desenvolvidos como a empresa da EMBRAPA  comprovam que a estrutura do solo tem sido alterada e considerando o alto numero de poços artesianos que abastecem comunidades locais rurais, infere-se a existência da contaminação direta das águas utilizadas para o consumo humano.
3 – Luta Ambiental
Assim como na chapada do APODI no território de Irecê também se constatam movimentos de resistências ao uso de agrotóxicos –  IPÊ TERRAS que vem desenvolvendo um trabalho de conscientização e pratica ambiental através da permacultura.

Em face das particularidades de cada região,ainda existe um diferente nível de sensibilização da população. Se faz necessário a morte de alguma liderança local para que haja uma maior mobilização concernente a causa?



BIBLIOGRAGIA






quinta-feira, 27 de junho de 2013


Preservação Ambiental: Uma Experiência Piloto

Escola Cooperativista de central
 
Professora: Sadja Samara Maciel Rocha 
Orientador: Darcy Ribeiro
Público Alvo: A comunidade Centralense
Tema: Educação Ambiental
Subtema: Preservação
 

 

            O trabalho a seguir consiste em um resumo do projeto Preservação Ambiental: Uma Experiência Piloto, realizado pela COOPEC, orientado pelo professor Darcy Ribeiro em conjunto com a professora de ciências Sadja Samara Maciel Rocha e demais professores no período de 2003-2004. O referido projeto teve como principal objetivo a formação de multiplicadores ambientais nas escolas Municipais, Estaduais, Cooperativas, associações, sindicatos e instituições religiosas com vistas à disseminação de conhecimento e práticas ambientais em rede.

         
      Resumo

         O Município de Central localizado entre as coordenadas é considerado o Epicentro da Arqueologia na Bahia e sede do Projeto Central, coordenado pela arqueóloga- Drª Mª Beltrão do Museu Nacional do Rio de Janeiro que abrange uma área de 100.000 km2, com 350 sítios arqueológicos localizados e envolvendo cerca de nove (nove) municípios no Noroeste da Bahia. Até hoje, coube à Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ – o papel de pesquisa sobre Arqueologia desde 1982 através do projeto Central. Entretanto, tal projeto não ofereceu á comunidade centralense ações concretas que envolvam ou estimulem a preservação ambiental.

            As escolas e associações comunitárias (bairro e rural) têm mostrado interesse com a temática ambiental envolvendo a arqueologia e ecossistema caatinga, embora muito ainda incipiente, pois lhes faltam conhecimento, materiais didáticos adequados ao ensino, orientações para compreensão das fontes bibliográficas sobre os conteúdos supracitados, e, sobretudo de uma proposta de trabalho voltada para o enfrentamento dessas dificuldades com vistas à preservação do meio ambiente em curto e médio prazo.

         Entre os seus extremos rústicos e a beleza imensurável da nossa vegetação ainda se reserva a possibilidade de ampliação da qualidade de vida do homem sertanejo se alguma coisa for feita para deter o avanço da desertificação do território centralense.  Tal processo se estende às últimas manchas de mata virgens ainda remanescentes no referido município as quais protegem a riqueza arqueológica, fauna e mananciais de água locais. Neste sentido, percebemos a necessidade de buscar conhecimento no meio natural da região e com a comunidade para fins de construir uma discussão acerca dessa problemática e desenvolver ações básicas em “prol” do equilíbrio do nosso ecossistema, da melhoria da qualidade de vida do sertanejo a partir do trabalho desenvolvido pelos multiplicadores ambientais.

      O objetivo geral de sensibilizar o publico alvo envolvido a partir de um trabalho desenvolvido com os alunos da Cooperativa de Ensino de Central- COOPEC sobre a importância da preservação do Ecossistema Caatinga, incluindo os sítios arqueológicos e/ou recursos hídricos locais, bem como a formação de multiplicadores ambientais imbuídos na mesma causa junto às escolas e comunidade. 

 

        Neste sentido, foram desenvolvidas as seguintes etapas:

 

1-      Caracterização da vegetação local e circunvizinha aos sítios arqueológicos e reservatórios naturais de água;

2-      Identificação de vegetais e animais em extinção nas áreas não desmatadas do município;

3-      Incentivo a comunidade quanto á prática de despoluição ambiental, enfatizando o problema do lixo;

4-      Orientação de Escolas, Associações e Sindicatos quanto à preservação ambiental e ao cultivo de hortas comunitárias ou familiares;

5-      Estimulo aos alunos e comunidade quanto à produção e plantio de mudas em áreas degradadas.

       No município de Central, a COOPEC foi pioneira no desenvolvimento deste projeto de preservação ambiental, por ter no seu quadro funcional, profissionais compartilham com os objetivos e metas deste projeto e acreditarem, sobretudo, na sua viabilidade, mesmo porque já vêm desenvolvendo práticas correspondentes ao mesmo, visando convergir conhecimentos para enfrentamento dos problemas ambientais locais. Assim,  a mesma se propôs a convergir esforços e experiências de representantes de diversos seguimentos da sociedade para fins de colocar em prática as atividades propostas no referido projeto.          A COOPEC desenvolveu período (2003-2004) um trabalho voltado para a preparação do individuo, no sentido de torná-lo apto para o ingresso no mercado de trabalho, bem como, para sua auto-realização e, para isso, esta instituição buscou, incessantemente, condições necessárias que lhe desse suporte para atingir os objetivos propostos no Projeto Político Pedagógico, realizando o seguinte trabalho:

- Manteve uma escola que se preocupa com educação de qualidade, despertando a consciência de seu alunado para a preservação do Meio Ambiente e a valorização da Arqueologia;

-Desenvolveu Projetos Interdisciplinares, dentre outros, partindo de termos direcionados ao meio ambiente;

- Realizou a 1ª e 2ª Semana cultural, com os seguintes temas abordados: Arqueologia e preservação de meio Ambiente; Agrofloresta na Escola; Preservação de Recursos Hídricos e Uso Sustentável; Preservação de Fauna e Flora; Fome zero; Reciclando o lixo, etc..

- Realizou a 1ª e 2ª Semana de Meio Ambiente (SEMEIA) com os seguintes temas abordados: Importância dos Vegetais da Caatinga; Plantas Medicinais; Ciências e Saberes Populares; Culturas Alternativas, Defesa Contra Seca e Construção de Barragens; Dessalinização de Águas e Agricultura Irrigada para Pequenos Produtores; Política e Assistência Técnica Ambiental, etc..

         A COOPEC desenvolveu a capacitação necessária correspondente a todas as etapas previstas no projeto para seus professores (as), em 2004 junto às parcerias: SRH e EMBASA. Foram ainda realizadas neste ano visitas nos principais sítios arqueológicos e reservatórios naturais de água, nas poucas áreas de cobertura natural virgem e nas mais degradas, coletando informações, reclamações e sugestões da comunidade para o desenvolvimento de ações em “prol” da amenização e/ou resolução dos mesmos.

         Sendo piloto, esta instituição teve o dever de organizar e preparar-se para coordenar e executar todas as etapas do referido projeto. O planejamento interdisciplinar, seleção de recursos, elaboração de roteiros de pesquisa, visita de campo, análise de dados, orientação para relatório de pesquisa, divulgação e publicação de resultados, montagem de arquivos e hortas comunitárias, a orientação de novos projetos ou subprojetos junto ao público alvo e o bom relacionamento com o público alvo asseguraram o cumprimento das metas previstas. Foi ainda destacado no contexto do planejamento, a presença de conteúdos referentes ao projeto em todas as disciplinas durante os bimestres letivos e orientação de Atividades de Coordenação (AC) nas escolas (subprojetos de ensino).

          Os professores da COOPEC atuaram como multiplicadores durantes às atividades programadas, uma vez que já foram capacitados anteriormente nas áreas afins pelo PEACS. Estes se reuniam regularmente para prestar esclarecimentos no sentido de estudar e organizar ações relacionadas ao projeto. Os materiais coletados em ou para pesquisa, relatórios foram arquivados na COOPEC para uso dos alunos e demais interessados do município de Central, conforme solicitação e encaminhamento. Os representantes (de associações) essas orientações para seus associados e os professores para os alunos, enquanto comissões, envolvendo estes segmentos e os pais fizeram multiplicação do projeto em rede com vistas a chegar a todos os elos da comunidade. Os resultados alcançados, mesmo que parciais, eram sempre discutidos na COOPEC durante os encontros mensais com a Comissão do Público Alvo Direto.

          Após a conclusão dos trabalhos percebeu-se que a devastação evidenciada nas aulas vivas tende a invadir os últimos ambientes onde se localizam os reservatórios naturais de água (serras, riachos, tanques de minação) e ponto de refúgio para muitos animais em extinção. Nestes ambientes, principalmente ao na zona norte do município, as manchas de caatinga protegem tais reservatórios e abriga grande parte da fauna em extinção, o que contribui para manutenção da biodiversidade da vida numa região que vem sofrendo demasiadamente com as alterações no clima.

          Durante a realização das ações citadas propostas pelo projeto temáticas importantes foram discutidas: valorização da flora da caatinga para fins medicinais e de ornamentação, arborização de escolas e povoados, manutenção de reservas familiares de caatinga, sobretudo àquelas que acompanham os mananciais de água, sítios arqueológicos e implantação de culturas alternativas. Esse tipo de procedimento teve uma significativa contribuição sócio cultural, no sentido de buscar junto á comunidade conhecimentos e elaboração de ações com vistas ao enfrentamento dos problemas ambientais dos nossos dias a partir da educação. Desta forma, foi possível o fortalecimento do envolvimento das escolas e comunidade quanto à busca de conhecimentos e ações na perspectiva de evitar o aumento da degradação ambiental no Município de Central.

        A partir de 2006, uma vez terminado o compromisso com a formação de multiplicadores ambientais devido ao fim do programa PEACS, a COOPEC continuou os seus trabalhos sob a forma de subprojetos de ensino e das visitas de campo. Nos últimos 03 anos, com a renovação da equipe de professores desta escola, ficou impossível a continuidade do trabalho sistematizado de preservação Ambiental  

 Sadja Samara Maciel Rocha

A Devastação Ambiental e suas Implicações na Qualidade de Vida, no Município de Central-BA

 
        Por: Sadja Samara Maciel Rocha
 


Introdução

 

         O mundo contemporâneo requer a adoção de novas concepções e práticas educacionais que incorporem a dimensão ambiental e promovam o ideário da sustentabilidade democrática (simultaneamente cultural, ética, econômica, ecológica, espacial, espiritual e político-institucional). Estes são princípios educativos que direcionam as práticas no sentido de garantir melhorias na qualidade de vida de todos e uma nova postura ética diante do mundo, por meio do estímulo a relações justas socialmente e respeitosa entre os humanos e os demais seres vivos que co-habitam o planeta (BRASIL, 2006, 2007).

        Apesar de constituir inegável avanço a menção à Educação Ambiental, em inúmeros documentos governamentais e legislações da educação, particularmente a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB, no 9.394/1996, o fato é que estes não a contemplam plenamente no modo como concebida na Política Nacional de Educação Ambiental – PNEA, que prevê sua inserção em todos os níveis e modalidades de ensino, de forma integrada ao conjunto das práticas pedagógicas, considerando o ambiente em sua totalidade. Mais do que isso, a realidade indica que, apesar da expansão de iniciativas escolares, a Educação Ambiental ainda se apresenta no contexto educacional como algo descolado do conjunto de políticas públicas de educação e do cotidiano escolar (BRASIL, 2006, 2007), evidenciando o distanciamento existente entre esta e o “mundo da educação”.

        A preocupação com a Preservação Ambiental e as suas implicações na qualidade de vida de uma comunidade, é tônica principal em quase todos os meios de comunicação na atualidade. Nos tempos atuais, observa-se uma tendência na sociedade, nos diferentes setores, no tocante ao envolvimento e desenvolvimento de ações em “prol” do Meio Ambiente no semiárido baiano (caso do Município de Central-BA). De uma forma geral, esta questão permeia tanto no meio escolar quanto extra-escolar (ONGS, Empresas, Secretarias de Meio Ambiente) com repercussão muito mais teórica do que prática, enquanto a degradação ambiental provoca reações da natureza que elevam a proliferação de insetos e microorganismos patogênicos nos meio urbano e rural. Isso poderá implicar num aumento e diversificação de doenças que acometem a população local.

        A realização de ações efetivas acerca deste problema se remete a uma mudança de atitude por parte dos atores sociais envolvidos. A escola, em sua responsabilidade na formação do cidadão para enfrentamento dos problemas do mundo, tem uma contribuição singular, no sentido de (re) significação de seus conteúdos para essa finalidade. Por isso, é emergencial o enfrentamento das mazelas que afligem a comunidade no que tange a invasão de vetores e/ou causadores de doenças nas moradias do campo e da cidade devido às alterações na natureza provocadas pelo ser humano.

        A busca da formação de sujeitos acerca da preservação do ambiente no município já citado se remete ao compromisso dos atores educacionais com a causa referida. Por isto, o trabalho proposto “A devastação ambiental e suas implicações na qualidade de vida no município de Central-BA: na visão dos alunos do 6º ano da cooperativa de ensino de central após um ensino planejado” se apresenta como uma possibilidade de contribuir com os estudantes no desenvolvimento do conhecimento e ações que venham a favorecer a construção de melhorias no ambiente e na qualidade de vida da comunidade.              

         É necessário verificar o grau de percepção ambiental dos estudantes da referida escola (6º ano) no que tange à devastação ambiental na sua relação com a qualidade de vida da comunidade, como ponto de partida para o desenvolvimento das atividades propostas neste trabalho (planejamento escolar).

         O presente trabalho objetiva investigar como um planejamento escolar poderá contribuir com sensibilização e/ou construção da consciência ambiental dos alunos do 6º ano da COOPEC, Município de Central – BA, quanto aos fatores que interferem na natureza e as suas implicações na qualidade de vida da comunidade local.

         Essa é uma abordagem de pesquisa que prima por uma Educação Ambiental com implicações em melhorias da qualidade do ambiente e da saúde e encontra-se amparada na Lei de Educação Ambiental do Estado da Bahia (BAHIA, 2011).

 

Metodologia

 

        As atividades da pesquisa interventiva serão desenvolvidas na COOPEC numa turma de 30 alunos do Ensino Fundamental, no período letivo de 2013, com o auxílio dos professores e coordenadores de área e de parcerias com Órgãos Públicos de Saúde e Meio Ambiente e Organizações Não Governamentais (ONGS). Inicialmente, realizar-se-á um planejamento interdisciplinar com os professores acerca do tema Meio Ambiente e Saúde. Em seguida, far-se-á uma pesquisa para levantamento dos conhecimentos prévios dos estudantes da referida série em relação ao tema proposto. Após a realização das atividades planejadas, será realizado um levantamento para avaliação dos conhecimentos adquiridos pelos alunos.

         Usar-se-á neste trabalho a pesquisa no âmbito qualitativa geral veiculada às técnicas de entrevista estruturada (questionário) e a observação participante (BOGDAN & BIKLEN, 1994).

 

Possíveis Dificuldades

 

         Poderá se encontrar as seguintes dificuldades neste trabalho: incompreensão/descompromisso dos professores quanto ao desenvolvimento das ações interdisciplinares junto aos alunos; resistência e/ou falta de condições materiais para efetivação das ações por parte dos alunos e limitação e/ou indisposição dos órgãos públicos citados em cederem informações ou contribuição prática quanto as ações previstas (parcerias).

 

Resultados esperados

 

         Espera-se com esse trabalho realizar um planejamento para 10 professores desta escola; Identificar os conhecimentos prévios de 30 alunos; realizar 04 ações interdisciplinares (01 por bimestre); analisar os conhecimentos adquiridos de 30 alunos; divulgação dos resultados em eventos/ apresentação de trabalho (03) e edição de uma cartilha educativa.

 

Referências

 

BAHIA. LEI 12056, de 07 de Janeiro de 2011- Lei de Educação Ambiental do Estado da Bahia.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade; Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. O que fazem as escolas que dizem que fazem educação ambiental? Brasília: SECAD/ UNESCO, 2006. col. Educação para todos.

_______. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade. Ministério do Meio Ambiente. Secretaria de Alfabetização Institucional e Cidadania Ambiental. Formando Comovida Comissão de Meio Ambiente e Qualidade de Vida na Escola: construindo Agenda 21 na escola. 2. ed. rev. ampl. Brasília: MEC, Coordenação Geral de Educação Ambiental, 2007.

BOGDAN, Robert     C.; BIKLEN, Sari Knopp. A Investigação Qualitativa em Educação: uma introdução à teoria e aos métodos. Portugal: Porto Editora, 1994.

 

 

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Muamar Kadafi e o Baixio de Irecê

Olá pessoal,
Há algum tempo li esta reportagem sobre o Projeto Baixio de Irecê. As informações nela contidas me deixaram surpresa e preocupada, uma vez que não conheço muito bem o projeto e não poderia imaginar que o governo de Muamar Kadafi pudesse ter qualquer relação com algum projeto desenvolvido no sertão nordestino (ingenuidade minha, não é?). A minha preocupação reside no fato de que é um projeto que se arrasta há vários anos, e até o presente momento não sabemos que consequências (positivas ou negativas) isso trará para a região, principalmente para os agricultores menos favorecidos da região do Baixio.
Se alguém tiver maiores informações, por favor, compartilhe.

Lígia da Silva Ribeiro

Notícia de 20/03/2011
O Globo - RJ ECONOMIA
Jornal Pg. 37
549.6 cm² *

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*Rastros de Kadafi no Brasil*

Rastros de Kadafi no Brasil
Fundo bilionário da Líbia tem interesse em megaprojeto de irrigação na
BA, que divide moradores À MARGEM DO VELHO CHICO Danielle Nogueira
Enviada especial . XIQUE-XIQUE (BA)
Éno sertão baiano, às margens do Rio São Francisco, que o governo de
Muamar Kadafi - envolvido em uma sangrenta disputa com rebeldes para se
manter à frente da Líbia - pode fazer sua grande aposta de investimento
no Brasil.

É lá, nas cidades de Xique-Xique e Itaguaçu da Bahia, a 500 quilômetros
de Salvador, que está sendo implantado um dos maiores projetos de
irrigação do país: o Baixio do Irecê, com orçamento de R$ 880 milhões,
dos quais R$ 550 milhões previstos no Programa de Aceleração do
Crescimento (PAC) do governo federal.

O projeto por ora está sendo tocado pela Companhia de Desenvolvimento
dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf), estatal ligada ao
Ministério da Integração Nacional, e deve ser licitado ainda este ano no
âmbito das Parcerias Público Privadas. Entre os cotados para ganhar o
leilão está o consórcio formado pela Codeverde - que tem como sócio
majoritário o grupo Odebrecht - e o bilionário fundo soberano da Líbia,
o Libian Arab Foreign Company (Lafico), controlado pelo governo Kadafi e
com investimentos diversos, que inclui até o time de futebol italiano
Juventus.

O consórcio já destinou US$ 1,5 milhão - cada parceiro arcou com metade
dos custos - para o desenvolvimento de uma proposta de modelo de
negócios para a região, apresentada ao governo brasileiro em 2007 e que
hoje está sendo aprimorada pelo Banco Mundial. É ela que servirá de base
para o edital de licitação do Baixio do Irecê. Para a elaboração do
estudo foram contratados na época o banco Santander, a empresa de
engenharia gaúcha Magna e a consultoria de agronegócios FNP.

Odebrecht vendeu terras à estatal ? Segundo a Codevasf, a ideia é
promover, às margens do "Velho Chico", o cultivo de cana-de-açúcar e
frutas, além de grãos como feijão e milho. A produção deve ser iniciada
em cinco anos, e a soma de terras irrigadas será de 48 mil hectares. O
consórcio vencedor terá de apresentar o modelo de aproveitamento das
terras e concluir as obras, até agora realizadas com recursos públicos.
Hoje, já há 42 quilômetros de canais construídos - o equivalente a uma
maratona - de um total de 84 quilômetros. O prazo de concessão será de
35 anos.

- Queremos atrair empresas âncoras para criar escala de produção e
viabilizar a logística. A previsão é que 25% dos lotes sejam reservados
para pequenos e médios produtores, que receberão assistência dos maiores
- diz Clementino de Souza Coelho, presidente interino da Codevasf.

A Codeverde é uma das principais interessadas no projeto. A empresa foi
constituída em 1986 com o objetivo de construir uma espécie de
condomínio rural, no qual uma infraestrutura comum seria usufruída por
diferentes proprietários rurais, algo semelhante ao que se pretende
fazer no Baixio do Irecê. A companhia também aparece em relatório do
Ministério Público da Bahia ao qual O GLOBO teve acesso como ex-titular
de fazendas desapropriadas pela Codevasf para tocar o projeto de
irrigação em Xique-Xique.

Hoje, a Codeverde tem 170 mil hectares na Bahia, área que será reduzida
a 72 mil hectares no fim do mês, após novas vendas de terras à estatal.

A Codeverde não dá detalhes sobre as negociações de terras, mas reitera
seu interesse no projeto. Diz ainda que, mesmo após a Líbia ter entrado
em uma guerra civil, quando o edital de licitação sair consultará o
Lafico para saber se ele manterá sua participação na segunda fase do
empreendimento.

Caso a parceria se confirme, não será a primeira vez que o grupo
Odebrecht fará negócios com o governo de Kadafi.

A empresa é responsável por obras orçadas em US$ 5 bilhões em Trípoli.

Já o interesse da Líbia no Brasil atende à estratégia do Lafico de
diversificar investimentos e fazer do projeto do Irecê uma plataforma de
exportação de alimentos e biocombustíveis.

Em 2010, o país importou US$ 456,1 milhões do Brasil, mais que o dobro
dos US$ 204 milhões de 2009.

Entre os principais itens da pauta de importações estavam minério de
ferro, carne e milho. A aproximação entre os dois países também deve ser
entendida como resultado da estratégia diplomática do ex-presidente Lula
de estreitar laços com o mundo árabe.

Logo após a visita de Lula a nações árabes em 2003, uma missão de
empresários e investidores líbios aterrissou por aqui, dando início às
tratativas em torno do Baixio do Irecê.

- Inicialmente pensamos em um projeto binacional, mas o fundo preferiu
fazer uma parceria com a iniciativa privada - lembra Souza Coelho, da
Codevasf, que adota um discurso pragmático. - Não temos vinculação
societária com o fundo (líbio) nem obrigação de fazer o projeto com eles
apenas porque financiaram a proposta de modelo de negócios. Mas se eles
quiserem participar, a licitação será aberta. Há muitos ditadores
fazendo negócios no Brasil.

Igreja vê riscos para 1.200 famílias ? Enquanto a licitação do Baixio do
Irecê não sai, o projeto divide moradores da região. Segundo estimativas
da Comissão Pastoral da Terra (CPT), há 23 comunidades, totalizando
1.200 famílias, vivendo no entorno do empreendimento. A maioria vive da
pesca, da pequena lavoura e da criação de animais. A abertura de vagas
com as primeiras fases das obras - a cargo de Andrade Gutierrez, da
goiana Emsa e da mineira Barbosa Mello - enche os olhos de alguns, como
João Vieira de Souza, de 43 anos, morador de Carneiro.

Pai de cinco filhos, Souza tirava o sustento da pesca e da plantação de
mandioca e melancia. Após a chegada das empreiteiras, trabalhou um ano e
sete meses no projeto de irrigação, com carteira assinada e um salário
de R$ 550 mensais. Com o dinheiro, ergueu uma casa de alvenaria - antes
morava em uma de taipa - e conseguiu comprar uma TV colorida.

- Acho que, para quem quer trabalhar, (o projeto) vai ser bom.

Na comunidade vizinha, Boa Vista, é fácil encontrar pessoas contrárias
ao empreendimento. A razão é simples: as terras onde os moradores
criavam seus animais hoje estão cercadas. Foram desapropriadas pela
Codevasf e serão concedidas às empresas vencedoras do leilão. João
Ferreira Santos, de 37 anos, criava suas seis cabeças de gado nas
antigas fazendas sem ser incomodado pelos ex-proprietários.

Agora, sabe que terá de encontrar outra fonte de renda.

- Tive que colocar os bois no circo (um cercado atrás de sua casa).

Só vai piorar daqui para a frente - diz ele, que ganhava cerca de R$ 200
por mês com o gado e a pesca.

O educador da CPT Mauro Jakes Farias da Cruz teme que os moradores sejam
excluídos do projeto.

- A lógica do agronegócio não respeita a cultura das famílias tradicionais.

Eles ocuparam essas terras há décadas e têm de ser respeitados. ? ?
PROCURADORIA INVESTIGARÁ IMPACTO SOBRE PESCA, na página 38


domingo, 3 de fevereiro de 2013



 O LIXO NOSSO DE CADA DIA: EXPERIÊNCIA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL COM ESTUDANTES DE EJA

Por: Clarissa Bastos de Oliveira

Essa experiência foi realizado no Colégio Estadual Luiz Viana Filho, em três turmas de EJA (Educação de Jovens e Adultos) Terceiro Tempo Formativo - o que corresponde ao Ensino Médio – nas aulas de Geografia.
Mas antes de falar sobre a experiência é importante conhecer as características dos estudantes de EJA nessa unidade escolar. De forma geral existe dois grupos de alunos: aqueles que nunca pararam de estudar, mas por motivos diversos não conseguiram concluir o Ensino Médio na idade correta. A faixa etária desse grupo é de 18 a 22 anos. E adultos com mais de 25 anos que tem mais de 5 anos sem estudar. A justificativa do porquê deixaram de estudar são as mais diversas como: casamento, trabalho e gravidez na adolescência. A grande maioria são trabalhadores, o que faz que alguns cheguem muito atrasados na escola, pois o horário de saída excede às 19 horas. Além disso tudo, os professores receberam poucas orientações ou nenhuma pra lhe dá com esse grupo de educandos e não existe livro didático para os Eixos VI e VII de EJA .
Sendo assim, um professor de EJA tem que pensar todos esses aspectos na hora de planejar suas aulas. Ele vai receber um aluno exausto, muitas vezes com fome, por que saiu do trabalho sem se alimentar ou ainda com filhos pequenos na sala de aula. Diante dessas condições como ensinar para garantir aprendizagem dessas pessoas? Como trabalhar a Educação Ambiental, que seja significativo na vida dessas pessoas ao ponto de gerar alguma mudança nos seus comportamentos em relação ao meio ambiente?
De acordo com as orientações da Secretaria de Educação do Estado da Bahia (sem data) os conteúdos trabalhados em EJA não precisam seguir uma hierarquia, como ocorre no ensino regular, mas deverão servir na compreensão da vida sociopolítica, cultural e ambiental dos educandos, preparando-os para o enfrentamento das situações do dia a dia. Abordar o assunto meio ambiente enfocando o lixo, é um assunto do cotidiano dos alunos o que facilita o debate na sala de aula e tornar esse ambiente mais acolhedora, pois estamos conversando sobre sua vida. Segundo Moacir Gadotti,
Torna-se fundamental aprender a pensar autonomamente, saber fazer, saber comunicar-se, saber pesquisar, ter raciocínio lógico, aprender a trabalhar colaborativamente, fazer sínteses e elaborações tóricas, saber organizar o próprio trabalho, ter disciplina, ser sujeito da construção do conhecimento, estar aberto a novas aprendizagens, conhecer as fontes da informação, saber articular o conhecimento com a prática e com outros saberes. (GADOTTI, 2010, p. 14).
Nessa intenção os métodos utilizados foram aulas expositivas, debates, estudos dirigidos, produção de texto, palestra e aula prática. A atuação da professora foi apenas de mediadora, problematizadora, uma organizadora do conhecimento (GADOTTI, 2010)
Aqui vou relatar a atividade que teve mais participação dos educandos. Essa atividade foi denominada “De olho na vizinhança: como seu vizinho se comporta em relação ao lixo?”. Um hábito muito ruim dos adultos – o fuxico – aqui foi utilizado como fonte de pesquisa/observação para ser debatido em sala de aula e depois cada estudante escreveu sobre suas observações. Seguir essa ordem, primeiro o debate depois produção de texto, é muito importante nas turmas de EJA. Existe uma dificuldade muito grande de se expressar oralmente e maior ainda quando se pede para produzir um texto. E quando esses alunos foram estimulados a falar de seus vizinhos, da sua rua, do seu ambiente de trabalho permitiu a conversação entre eles ao ponto da professora fazer inscrição para falas. Algumas observações valem a pena compartilhar aqui:
“Moro na Av. Santos Lopes. Lá quase não tem calçada e o espaço que a gente pode andar é a parte que separa as duas vias. No fim do dia, o comércio joga todo o lixo ali, aí obriga a gente andar perto por onde os carros passam.” R. S. Turma 7.
“Na minha rua tem um edifício de dois andares com vários apartamentos. Alguns moradores tem preguiça de descer para deixar o lixo na rua e simplesmente joga do apartamento. A calçada fica na maior nojeira.” A. C. D. Turma 7.
“No povoado onde moro tem um vizinho que vive de catar lixo e vende. Aí eu separo e tem outras pessoa do povoado que também faz isso para ajudar.” V. R. Turma 6.
“Peguei uma briga com uma vizinha que tinha o quintal cheio de lixo. Já tinha avisado a ele que aquele lixo ia atrair o mosquito da dengue. Quando minha filha ficou com dengue eu fiz a maior confusão com ela” R. N. Turma 5.
“No Povoado Bom Prazer não passa o carro de lixo. Então o povo queima. Vai ficar com o lugar cheio de lixo?” M. L. M. Turma 7.
Percebe-se que cada fala relaciona o lixo ao seu bem estar: ambiente visualmente desagradável, saúde, solidariedade. Não que esses aspectos e valores não sejam importantes, muito pelo contrário. No entanto, outras preocupações não foram expressadas, como a poluição da água e do solo. Mas esses pontos foram jogados no debate pela professora. Depois foi solicitados que os alunos escrevessem um texto/redação com que foi discutido em sala de aula da mesma maneira que se expressaram oralmente. Isso facilitou bastante o desenvolvimento dos textos.
Dentro desse debate foi questionado o destino do lixo de Irecê e das cidades circunvizinhas, a importância da cooperativa de reciclagem e os problemas ambientais causados por ele.
O destino do lixo de Irecê é encaminhado para o lixão à céu aberto, sem controle sanitário, com dejetos hospitalar, domiciliar, agrícola e comercial misturados, gerando elementos tóxicos. Além disso atrai animais vetores de doenças como ratos, mosquitos e baratas comprometendo a saúde de pessoas que moram em comunidades entorno do lixão. Também foi mencionado as outras formas de destinação do lixo: aterros sanitários e incineradores, estes com controle sanitário, possibilitando, em termos o controle ambiental e segurança a saúde. Além disso discutimos a “Regra dos 3 R's” - Reduzir, Reutilizar e Reciclar.
No final da unidade foi passado um questionário sem valor avaliativo para os alunos, mas para avaliar o projeto aplicado na 2ª unidade. Apenas 24 alunos responderam o questionário (apesar de muito mais alunos participarem das atividades). Quando foram perguntados sobre o ato de separar o lixo em recicláveis e não recicláveis obtivemos as seguintes respostas:
  • 8 (oito) alunos responderam que não separa o lixo;
  • 6 (seis) alunos responderam que sempre separou o lixo e;
  • 10 (dez) alunos responderam que passaram a separar o lixo depois das discussões na escola.
Isso mostra que a Educação Ambiental é um importante instrumento na transformação de atitudes. Nós, seres humanos, temos o poder de fazer escolhas, e o processo educacional pode contribuir para a mudança comportamental, mudança no modo de vida – de um estilo poluidor e consumista de vida para uma nova relação saudável com o planeta, e a Educação Ambiental torna isso mais fácil, pois é um processo educativo permanente, dinâmico criativo e interativo. E através da dialogicidade, seres inacabados (educando e educador) se tornam seres éticos, dedicados na construção e ao exercício da cidadania e que se sintam parte da vida planetária (FREIRE, 1997; GADOTTI, 2008; NARDI, 2005).
Como afirma Moacir Gadotti (2009) no seu livro Educação de Adultos como Direito Humano:
Precisamos mudar a visão do sujeito da Educação de Adulto. Ele não é carente e vulnerável, mas sujeito de direitos, sujeito que não é ignorante, que sabe criar saberes , que sabe muitas coisas, como seus saberes essenciais à vida humana e a conservação do planeta. (GADOTTI, 2009, p. 25).

Apesar de ser um trabalho pontual, ele mostrou que é possível a mudança de atitudes através da Educação Ambiental, mesmo que adultos, e que aprendizagem significativa e emancipadora (já que a falta de oportunidade de ingressar na escola na “idade própria” lhes priva da liberdade) pode acontecer de fato. Mas para que isso aconteça, a relação entre educador e educando deve ser de troca, pois nunca é tarde para aprender e ensinar.

Referências

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1997.
GADOTTI, Moacir. Educar para a sustentabilidade: uma contribuição à década da educação para o desenvolvimento sustentável. São Paulo: Editora e Livraria Instituto Paulo Freire, 2008.
________. Educação de Adultos como Direito Humano. São Paulo: Editora e Livraria Paulo Freire, 2009.