quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Educação ambiental: ensino e prática


Por Elení Couto
A preservação do meio ambiente e a melhoria da qualidade de vida tornaram-se algo cotidiano. Isto significa que, as pessoas falam e ouvem falar sobre questões de degradação e conservação ambiental, no entanto, a preocupação fica restrita a falácias que demonstram este modismo com que o meio ambiente vem sendo tratado, ou seja, acontecem muitos movimentos em prol da preservação do ambiente (salve o verde! respeite a natureza! etc.), porém no que diz respeito as ações efetivas, os resultados obtidos  ainda são pequenos.
Neste sentido, a educação ambiental trabalhada nas escolas deve ir para além de explicar como funcionam os ciclos naturais, ou comemorar o Dia da Árvore, proporcionando reflexões que possibilitem o conhecimento e a compreensão do meio ambiente, assim como à resolução dos seus problemas.
“... é necessário que, mais do que informações e conceitos, a escola se proponha a trabalhar com atitudes, com formação de valores, com o ensino e a aprendizagem de habilidades e procedimentos. Comportamentos “ambientalmente corretos” serão aprendidos na prática do dia-a-dia na escola... ”(PCN, Meio Ambiente e Saúde, 2001.p. 29)

Faz-se necessário a aproximação dos conteúdos com a vivência de cada aluno, valorizando o saber destes, de maneira que conheçam o ambiente em que estão inseridos, pois o trabalho com a educação ambiental deve adaptar-se às características culturais da população no que tange ao processo educativo, portanto ela não deve se limitar somente a questões macro, de realidades distantes, mas impreterivelmente e com urgência precisa ser vista de maneira micro, fazendo com que os sujeitos se relacionem com a natureza e compreendam que:
 “... nós não nos relacionamos com a natureza apenas como indivíduos, mas principalmente por meio do trabalho e de outras práticas sociais e que, portanto as relações de todos nós com ela têm dimensões econômicas, políticas e éticas.” (ZEPPONE, Rosimeire M. Orlando)

De acordo com esta afirmativa, a Educação Ambiental deixa de ser concebida apenas em seu aspecto ecológico, considerando o elemento humano e os fatores que interferem em suas relações com o meio ambiente. Como por exemplo, as leis do mercado que comandam a economia capitalista, isto significa que depredar ou contaminar a natureza supõem um benefício econômico para o responsável. Quando um processo econômico pode apropriar-se da natureza sem ter que pagar um preço por isso, então terá vantagens econômicas. O mesmo ocorre quando se contamina, já que se evita os custos de tratamento dos afluentes. Por último, quanto mais rápido é o ciclo de rotação do capital, maior é o lucro, daí que os curtos ciclos de vida das mercadorias aumentam enormemente os resíduos.
Dentro disto, a educação precisa abordar as complexas relações de interdependência entre os diversos elementos da natureza e da sociedade, significa que precisamos abordar, por exemplo, indústria, miséria, desenvolvimento, e como esses elementos interferem na realidade dos sujeitos
Portanto se faz necessário aproximar a escola do mundo do trabalho e da cidadania e da comunidade, para que essa não seja vista e tida como uma prisão fechada em si mesma.

Referências:

FREIRE, Genebaldo Freire. Educação Ambiental: princípios e práticas. São Paulo: Gaia, 2001;

Mundo Jovem um jornal de idéia. Até quando a terra agüenta este tipo de desenvolvimento? Porto Alegre, p.12 – 13, 2007;

ZEPPONE, Rosemeire M. Orlando. Educação Ambiental: Teoria e Práticas Escolares. Araraquara: JM, 1999;

Parâmetros curriculares nacionais: meio ambiente: saúde/ Ministério da Educação. Secretaria da Educação Fundamental. Brasília: A Secretaria, 2001.

Um comentário:

  1. O seu texto traz reflexões muito importantes da educação ambiental como algo interdisciplinar e que deve levar em conta os saberes dos atores sociais. A compreensão ampla da relação homem e mulher com a natureza e vice versa é da mesma forma fundamental para uma educação ambiental trasformadora.
    Raquel Vasconcelos

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