domingo, 28 de outubro de 2012


BIBLIOGRAFIA COMENTADA:

RADIOATIVIDADE NATURAL DA REGIÃO DE IRECÊ – BA

Aline Alves de  Melo, Andréia Barbosa, Manoela Levi e Roza Amélia Cambuí

Resumo:

Segundo a Revista Brasileira de Geociências, Volume 22 (Junho 1992), em pesquisa realizada descobriu-se na região de Irecê no estado da Bahia uma radioatividade natural em rochas e solos. Portanto, a radioatividade natural das rochas tem sido objeto de numerosos estudos, tanto no Brasil quanto no exterior, visando aplicações de valor econômico e estratégico e em várias áreas de geociências, especialmente pela sua utilidade nos métodos geocronológicos (métodos que permitem  calcular a idade  de determinada rocha ou mineral), através da razão isotópica entre os vários elementos radioativos. Neste trabalho foram coletadas 70 amostras de rochas e solo da região de Irecê, que após análises principalmente por espectrometria gama apresentaram perfis cintilométricos cobrindo uma área de 10.000 km2, constituída essencialmente de metassedimentos carbonáticos, também com teores de urânio, tório e potássio consideráveis e concreções ricas em óxidos de ferro e manganês.


Justificativa:

A finalidade desta pesquisas feitas com metodologia experimental foi avaliar no município de Irecê – Ba,  no que tange o contexto geológico da região, os elementos radioativos naturais encontrados em suas rochas e solos, determinando seus elementos e seus teores para fornecer dados adicionais em relação as suas características, visando determinar o comportamento desses elementos na sedimentação e na alteração dessas  sob condições do clima semi-árido.

Para medir a radioatividade natural nas rochas e solos da região de Irecê, selecionaram amostras principalmente das áreas compreendendo as bacias do rio Jacaré (ou Vereda) e do rio Verde, ambos de regime intermitente, afluentes da margem direita do rio São Francisco. No entanto, como para verificar a radioatividade natural das rochas envolve um número grande e variado de técnicas experimentais, isto a depender da finalidade a que se destinam tais medidas e condições impostas pelo ambiente geológico. Logo, optaram principalmente pela técnica de espectrometria gama em laboratório, cuja finalidade era localiza e caracteriza anomalias radioativas e também realizar mapeamento de unidades geológicas por serem muito mais penetrantes e assim podendo ser detectadas a algumas centenas de metros de altura na atmosfera.

Segundo, os resultados obtidos para os perfis cintilométricos demonstram aparentemente uma grande homogeneidade no fundo ambiente  (back-ground)  de radiação gama da região estudada. Os valores obtidos situam-se entre 45 e 80 cps (pulsos por segundo), raramente ultrapassando 60 cps, sendo 50 cps o valor médio encontrado. Além de evidenciar esta aparente homogeneidade no fundo ambiente de radiação gama, estes resultados indicam concentrações em elementos radioativos relativamente baixas dos solos e rochas aflorantes. As determinações dos teores de urânio, tório e potássio das rochas e solos, efetuadas em laboratório, são portanto essenciais para confirmar tais resultados.

Portanto, os solos da região de Irecê apesentam de um modo geral, baixos teores de urânio. Tanto os perfis cintilométricos quanto as medidas realizadas por espectrometria gama confirmam tal fato. Os teores de tório são relativamente elevados. Os teores de potássio obtidos em rochas e solos são equivalentes. Observa-se um enriquecimento em elementos radioativos nos perfis de solo, havendo urna "concentração" destes elementos no material de alteração, certamente devido à conhecida fraca solubilidade do tório e no caso do urânio, seja devido à absorção deste elemento pelas argilas de alteração, seja devido a um processo de migração deste elemento nos perfis de solo. Altos teores de urânio foram determinados em amostras de concreções ferruginosas, sendo estes resultados sempre associados a elevados teores de oxido de manganês. Por outro lado, teores elevados de tório foram constatados em amostras de concreções cujos teores em óxidos de ferro eram também mais elevadas. Entretanto, teores anormalmente elevados de urânio em águas subterrâneas da região foram anteriormente constatados, e sugere-se a hipótese de que estes altos teores de urânio em alguns dos poços subterrâneos tenham como origem a dissolução de concreções também anormalmente ricas em urânio.

Comentário:

No entanto, ainda faz-se necessário no presente estudo a determinação dos coeficientes de correlação entre os teores de um número maior de amostras a fim de investigar os agrupamentos de afinidade geoquímica e discriminar, se for o caso, vários processos geoquímicos responsáveis pelas distribuições das concentrações observadas.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA:

AMARAL, G. & KAWASHITA, K. 1967. Determinação da idade do Grupo Bambuí pelo método Rb-Sr. In: CONOR. BRAS. GEOL., 21. Curitiba, 1967. Anais... Curitiba, SBG. p. 214-217.

BEDMAR, A.P.; SILVA, A.B.; JARDIM, F.G.; OLIVEIRA. L.B. 1980. Contribuição de diversas técnicas isotópicas no estudo do aqüífero cárstico da região central da Bahia (Irecê-Itaquara).  Rev. Bras. Geoc.,10:103-116.

CHERDYNTSEV, V. V. 1971. Uranium 234. Translated from Russian. Jerusalem, Israel program for Scientific Translations. 234 p.

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