BIBLIOGRAFIA COMENTADA:
RADIOATIVIDADE NATURAL DA REGIÃO DE IRECÊ – BA
Aline Alves de Melo, Andréia Barbosa, Manoela Levi e Roza Amélia Cambuí
Resumo:
Segundo a Revista Brasileira de
Geociências, Volume 22 (Junho 1992), em pesquisa realizada descobriu-se na
região de Irecê no estado da Bahia uma radioatividade natural em rochas e solos.
Portanto, a radioatividade natural das rochas tem sido objeto de numerosos
estudos, tanto no Brasil quanto no exterior, visando aplicações de valor econômico e estratégico e em várias
áreas de geociências, especialmente pela
sua utilidade nos métodos geocronológicos (métodos que permitem calcular a idade de
determinada rocha ou mineral), através da razão isotópica entre os vários
elementos radioativos. Neste trabalho foram coletadas 70 amostras de
rochas e solo da região de Irecê, que após análises principalmente por
espectrometria gama apresentaram perfis cintilométricos cobrindo uma área de
10.000 km2, constituída essencialmente de metassedimentos carbonáticos, também
com teores de urânio, tório e potássio consideráveis e concreções ricas em
óxidos de ferro e manganês.
Justificativa:
A finalidade desta pesquisas
feitas com metodologia experimental foi avaliar no município de Irecê – Ba, no que tange o contexto geológico da região, os
elementos radioativos naturais encontrados em suas rochas e solos, determinando
seus elementos e seus teores para fornecer dados adicionais em relação as suas características,
visando determinar o comportamento desses elementos na sedimentação e na
alteração dessas sob condições do clima
semi-árido.
Para medir a radioatividade natural nas rochas e solos
da região de Irecê, selecionaram amostras principalmente das áreas compreendendo
as bacias do rio Jacaré (ou Vereda) e do rio Verde, ambos de regime intermitente,
afluentes da margem direita do rio São Francisco. No entanto, como para
verificar a radioatividade natural das rochas envolve um número grande e variado de técnicas experimentais,
isto a depender da finalidade a que se destinam tais medidas e condições
impostas pelo ambiente geológico. Logo, optaram principalmente pela técnica de espectrometria
gama em laboratório, cuja finalidade era localiza e caracteriza anomalias radioativas e também realizar
mapeamento de unidades geológicas por serem muito mais penetrantes e assim podendo
ser detectadas a algumas centenas de metros de altura na atmosfera.
Segundo, os resultados obtidos
para os perfis cintilométricos demonstram aparentemente uma grande
homogeneidade no fundo ambiente
(back-ground) de radiação gama da
região estudada. Os valores obtidos situam-se entre 45 e 80 cps (pulsos por
segundo), raramente ultrapassando 60 cps, sendo 50 cps o valor médio
encontrado. Além de evidenciar esta aparente homogeneidade no fundo ambiente de
radiação gama, estes resultados indicam concentrações em elementos radioativos
relativamente baixas dos solos e rochas aflorantes. As determinações dos teores
de urânio, tório e potássio das rochas e solos, efetuadas em laboratório, são
portanto essenciais para confirmar tais resultados.
Portanto, os solos da região de
Irecê apesentam de um modo geral, baixos teores de urânio. Tanto os perfis
cintilométricos quanto as medidas realizadas por espectrometria gama confirmam
tal fato. Os teores de tório são relativamente elevados. Os teores de potássio
obtidos em rochas e solos são equivalentes. Observa-se um enriquecimento em
elementos radioativos nos perfis de solo, havendo urna "concentração"
destes elementos no material de alteração, certamente devido à conhecida fraca
solubilidade do tório e no caso do urânio, seja devido à absorção deste
elemento pelas argilas de alteração, seja devido a um processo de migração
deste elemento nos perfis de solo. Altos teores de urânio foram determinados em
amostras de concreções ferruginosas, sendo estes resultados sempre associados a
elevados teores de oxido de manganês. Por outro lado, teores elevados de tório
foram constatados em amostras de concreções cujos teores em óxidos de ferro
eram também mais elevadas. Entretanto, teores anormalmente elevados de urânio em
águas subterrâneas da região foram anteriormente constatados, e sugere-se a
hipótese de que estes altos teores de urânio em alguns dos poços subterrâneos
tenham como origem a dissolução de concreções também anormalmente ricas em
urânio.
Comentário:
No entanto, ainda faz-se necessário
no presente estudo a determinação dos coeficientes de correlação entre os
teores de um número maior de amostras a fim de investigar os agrupamentos de
afinidade geoquímica e discriminar, se for o caso, vários processos geoquímicos
responsáveis pelas distribuições das concentrações observadas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA:
AMARAL, G. & KAWASHITA, K.
1967. Determinação da idade do Grupo Bambuí pelo método Rb-Sr. In: CONOR. BRAS.
GEOL., 21. Curitiba, 1967. Anais... Curitiba, SBG. p. 214-217.
BEDMAR, A.P.; SILVA, A.B.;
JARDIM, F.G.; OLIVEIRA. L.B. 1980. Contribuição de diversas técnicas isotópicas
no estudo do aqüífero cárstico da região central da Bahia
(Irecê-Itaquara). Rev. Bras. Geoc.,10:103-116.
CHERDYNTSEV, V. V. 1971. Uranium 234.
Translated from Russian. Jerusalem, Israel program for Scientific Translations.
234 p.
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